Em uma Roma antiga, onde orgias
sexuais aconteciam em plena luz do dia, onde
a lei era a espada, onde homens eram escravizados e postos para lutar até a
morte, dentro de arenas encharcadas de sangue por pura diversão alheia, um
homem surgiria. Capaz de arrancar sangue,
lágrimas e muito suor, mais sangue do que suor, ou melhor, mais lágrimas
do que sangue, ah sei lá! Sangue, lágrimas, suor e pronto! Não precisa ser
nesta mesma ordem..., mudaria os anais da história romana para sempre.
Lutas, traições, sexo, amor,
batalhas, sexo, desavenças políticas, sacrifícios, sexo, sexo, sexo e muito
sexo.
Em Algum lugar perto de Roma
Ano LXXIII a.C.
—
Peguem este trácio e levem-no para Capádua, Baitolatus, O Lanista saberá o que
fazer. — ordenou o Pretor, Gaius Claudius Glaber Rocha, O Bulinador. — peguem
sua mulher e dêem uma surra nela...
Em
Capádua, no pátio da casa de Baitolatus, O Lanista, vários escravos lutavam
entre si, usavam espadas de madeira, treinamento violento para quem olhava de
fora. Baitolatus observava da sacada de sua casa ao lado de sua mulher,
Lucretina.
Crixicus,
gladiador experiente e de grande destreza, lutava com um escravo novato, quando
este deixou a espada cair. O Lanista Baitolatus, enfurecido pela desatenção do
escravo novato, ordenou que um soldado o levasse até seus aposentos.
—
Lucretina, minha querida, fique e contemple meus gladiadores. Vou ter uma
conversa com aquele novato e volto já.
Lucretina
concordou sem pestanejar, adorava ver o treino dos gladiadores, principalmente
Crixicus, o melhor gladiador do Ludus, campeão de várias lutas.
Crixicus
tinha musculatura bem definida, movimentava-se com destreza e fazia movimentos
maravilhosos com a língua quando se encontrava com Lucretina pelos cantos
escuros da casa de Baitolatus.
—
Ei, você! — gritou o soldado apontando para o escravo dislexo. — Venha! Baitolatus
quer você nos aposentos dele.
Crixicus
sorriu, quando o novato passou por ele, disse: — Prepare-se, o pau vai comer...
— o rapaz, com cara assustada, adentrou
o casarão, contra a vontade.
Já
em seus aposentos, Baitolatus punia severamente o escravo dislexo, despindo-o
por completo, besuntando-o com óleo de ervas e atirando-o sobre uma enorme cama coberta com
um lençol de seda pura.
Enquanto
isso, Lucretina aguardava Crixicus em outro cômodo do casarão. Estava
fantasiada de Xena – Lendária Guerreira da mitologia Grega.
—
Hoje você está uma delícia, Lucretina. Atendi o seu chamado..., mas hoje não estou
me sentindo bem. — disse Crixicus enquanto massageava suas têmporas.
Entristecida,
Lucretina percebeu o sangue que escorria entre as pernas de Crixicus, que
tentou esconder.
—
Já entendi, pode ficar sossegado, seu segredo está bem guardado comigo.
Lucretina
deu um longo e linguarudo beijo em Crixicus que retribuiu prontamente.
No
momento em que Crixicus deixava o cômodo da casa, uma carroça, enviada por Gaius
Claudius Glaber Rocha, O Bulinador, adentrou pelos portões do ludus trazendo
mais escravos para o lanista.
Doctore
Maonomeuânus atendeu os soldados. No momento em que a grade da carroça foi
aberta, deu-se inicio um tumulto, que logo foi contido com várias chicotadas, pelo
grande, musculoso e habilidoso treinador e ginecologista do ludus, Doctore Maonomeuânus.
O homem tinha pele negra, várias cicatrizes espalhadas pelo corpo, seqüelas de
batalhas vividas, e uma bunda lisa, sem um pelo sequer, tão lisa que chegava a
brilhar.
Baitolatus
saiu pelo átrio do casarão, enraivecido, ainda ajeitava sua túnica. Ao fundo
dois escravos carregavam uma maca com o novato, deitado de bruços sobre ela, um terceiro
abanava suas nádegas, local onde fora aplicado punição severa.
—
Quem ordenou este carregamento de escravos? — bradou o lanista.
—
Glaber Rocha, O Bulinador, senhor.
—
Vamos ver o que temos aqui? Pelos deuses... Que delícia! Nossa, quantos
músculos!
Doctore
Maonomeuânus observava atento, não queria mais confusão. Segurava em uma das
mãos o poderoso chicote de cabo longo,
roliço e grosso. Repentinamente o grande chicote girou no ar e sua ponta
agarrou, pelo pescoço, um dos escravos que tentava escapar por de trás da
carroça. O homem foi lançado ao chão. Maonomeuânus desembainhou sua espada,
iria acertar o escravo, se não fosse a rapidez de outro escravo, que, com muita
agilidade, roubou a espada de um dos soldados que escoltavam a carroça e barrou
o golpe que Maonomeuânus desferiria sobre o homem caído. Lucretina olhava tudo
apreensiva da sacada do casarão de Baitolatus. Não queria que nada de mal
acontecesse a Crixicus.
—
Ora, ora, ora! Não! Não façam nada... — Baitolatus ordenou. — Quem é o bonitão
de olhos claros? — perguntou ele, enquanto girava, em um dos dedos da mão, uma
argola de couro, a cada girada no anel ele dava uma cheirada no adorno. Ele
rodeava o homem.
—
É um Trácio, Senhor. — disse um dos soldados. Todos que estavam no ludus
cuspiram no chão, até Lucretina, lá de cima da sacada, deu uma discreta
cusparada, que, sem força, escorreu por seu queixo e parou entre seus fartos
seios.
—
Um Trácio? Muito bem então. Doctore! Solte este imbecil e dê a ele uma espada.
Você, Trácio, lute com seu amigo até a morte.
Todos
abriram a roda e no centro estavam os dois prisioneiros. O que estava caído
rapidamente se levantou e empunhou a espada jogada por Maonomeuânus, em seguida
desferiu um golpe que pegou o trácio distraído arranhando-lhe o braço. Não
queria lutar com o amigo, mas não teve escolha. O Trácio era ágil e dominava a
espada muito bem, alguns meses atrás fora pego pelo exército de Roma e
escravizado por Gaius Claudius Glaber Rocha. Este que só bulinava as moças que
ficavam viúvas pós-batalhas. Principalmente Sura, esposa do Trácio, que logo
após levar uma surra, foi bulinada por Glaber Rocha, O Bulinador. Soldados
seguravam o homem e mantinham-no com os olhos abertos para que ele visse o
estupro de sua amada.
Com
golpes violentos as espadas se chocavam no ar. Rodopios e roladas no chão, até
que o Trácio acertou um golpe, com o cabo da espada, no rosto de seu oponente,
ele rodopiou no próprio eixo e caiu ajoelhado no chão. Sabendo que para ficar
vivo teria que matar, aproveitou a posição de seu oponente e empalou-o, enfiando
sua espada no ânus do adversário. Neste momento todos sentiram um arrepio,
inclusive Lucretina. Crixicus apertou a mão do gladiador ao se lado e suspirou
de alívio. Afinal de contas, espada no cu dos outros é refresco.
—
Bravo! — gritou Baitolatus. — Pelo que vejo este tem futuro nas arenas de
Capádua. Doctore! Quero que dê treinamento intensivo a ele. Qual é o seu nome
rapaz?
O homem ergueu a cabeça e ainda
ofegante respondeu:
— Spetacus...
Crixicus
torceu o nariz, o mau cheiro de suor do gladiador ao seu lado era insuportável.
Olhou feio para Spetacus, não gostara da vibração de seu Dominus. Virou as
costas e voltou para seu alojamento, uma enxaqueca o incomodava.
Continua...